Diversos

E tem um jeito certo?

“Era tudo tão bom, juro. Eu pensei que ia dar certo. Eu conseguia conversar com ele sobre as coisas da minha vida, sentia que me entendia. Nos víamos com muita frequência, dormimos juntos vários dias. Ele disse que me apresentaria para a família dele. Ficamos juntos dois meses, até ele sumir. Sim… Ele… Simplesmente… Parou de responder minhas mensagens, de atender minhas ligações. Eu não sei se fiz algo errado, ou se o problema é ele mesmo. Nunca mais falei com ele.”

“Ficamos cerca de um ano. Nos víamos com frequência. Eu não perguntava se ele estava com outras pessoas, e nem ele perguntava isso pra mim. Depois de algum tempo, começamos a frequentar os grupos de amigos e a família um do outro. Quando assumimos o namoro é que perguntei se ele, nesse período de um ano, ficou com outras pessoas. Ele disse que, no começo, sim. Acho que, no fundo, ele tinha medo, não se sentia preparado.”

“Namoramos durante cinco anos no esquema “relacionamento aberto”. No começo eu achei a ideia boa, porque eu gostava de me se sentir atraente e conquistar as pessoas. Ele também. Não vou negar, era divertido. Mas depois de algum tempo eu percebi que aquilo me incomodava. Era quase como uma competição. Se ele ficava com alguém, e eu não, eu me sentia para trás. Além disso, é difícil ser a prioridade ou dar a prioridade a alguém quando existem oportunidades, pessoas interessantes. Toda hora tínhamos que conversar sobre o que sentíamos e tentar entrar em acordo. No começo a gente contava um para o outro quando e como era a relação com outras pessoas. Depois, não. Não contávamos mais porque, querendo ou não, era difícil de lidar com o ciúmes e o sentimento de inferioridade. Preferimos assumir que não saber era melhor do que sofrer. Até que cansei dessa complicação toda.”

Um encontro entre amigas. Três pessoas reais. Três histórias reais.

Depois delas, uma pergunta não saiu da minha cabeça: existe um jeito certo de se relacionar?

Ao meu redor, conversando pessoas próximas a mim, percebo que grande parte já não acredita na ideia de “tampa e panela”. O principal argumento é que a atração entre opostos acaba resultando em um dominador e um dominado. E essa dinâmica uma hora cansa.

Alguns procuram “almas gêmeas”. Pessoas com temperamentos muito semelhantes, gostos parecidos, objetivos comuns – o que, em tese, ajudaria a relação a durar com qualidade.

Outros procuram uma companhia leve, mas não se preocupam com o longo prazo, porque são adeptos do “seja eterno enquanto dure”.

Também tenho percebido um fato muito curioso. Há um número cada vez maior de pessoas que não sabem se estão namorando. Vão se enroscando, aos poucos. Ficam dois, três, quatro, seis meses. Conhecem amigos e família um do outro.

Afinal, namorar depende de pedido? Ou é um sentimento espontâneo entre duas pessoas? E, se depende de pedido, quem é que vai se arriscar a levar um não? Só o rapaz, ou a moça também pode? Por quê?

E, se não tem pedido, qual a data para comemorar a união? O dia do primeiro encontro, do primeiro beijo, em que se conheceram ou outro qualquer?

Ainda hoje tem quem prefira morar junto só depois de casar no papel. Alguns moram juntos sem casar, ou moram juntos para ver se “dá certo” casar. Outros preferem cada um na sua casa e só se veem quando bater saudade.

Tem quem não faça questão de fidelidade sexual. E alguns que já passaram por essa experiência e cansaram dela. Outros sequer cogitam brincar de reviver o ‘amor livre’ dos anos 60.

No geral, vejo a situação atual mais ou menos assim: é tanta gente com medo de se afundar num enrosco que, no mar do amor, toda cautela é pouca. E os cautelosos têm toda uma técnica para evitar afogamentos.

O risco que eu tomei foi calculado, mas cara… eu sou ruim em matemática.

Primeiro, colocam a ponta do dedinho de um dos pés dentro das águas desse mar. Saem com o par uma, duas, três vezes. Podem ou não dormir juntos.

Avaliam. Levam a pessoa escolhida para conhecer amigos e familiares, conselheiros confiáveis para evitar a cilada de (re)cair em erros.

Pisam um pouco mais fundo. Saem mais vezes com amigos, família… Fazem passeios diversos.

Depois, se nada aconteceu com o primeiro pé, pisam de leve com o outro. Surgem as conversas sobre “afinal, o que estamos vivendo?”.

Às vezes se decepcionam. Tiram os pés. Reavaliam.

E por aí vai.

Mas têm também os mais ousados. Aqueles que dão um salto mortal carpado e não tão nem aí se vão tomar um belo de um caldo. Aqueles que fazem pedidos de namoro de forma extravagante, usam as redes sociais com frequência para declarar quão grande é seu amor.

Cada um na sua. Cada um com seu jeito.

Anitta rainha e seus sábios conselhos

Diante das infinitas possibilidades de se relacionar, só lamento que ainda existam pessoas que demonstram interesse em algo sério e depois somem sem explicação alguma. Não conversam. Deixam a outra parte frustrada e na dúvida se só são indecisos, medrosos ou mal caráter mesmo.

Para mim, falar de relacionamentos é instigante. Parece que, quanto mais penso e estudo sobre esse tema, mais me convenço de que sei muito pouco.

Quem quiser continuar refletindo a esse respeito junto comigo, recomendo as palestras e os livros do psiquiatra e psicoterapeuta Flávio Gikovate, quem admiro muito:

E aí, caros leitores, vocês são do tipo mais ousado ou mais cauteloso?

E, na opinião de vocês, existe um “jeito certo” de se relacionar? E por quê?

Estou curiosa para saber 🙂