Para a vida ficar mais leve

Faça seu dinheiro trabalhar por você. Invista.

Na época em que eu estava no colegial, o mundo passava pelo auge da Crise Financeira de 2008. As notícias dos jornais eram as mais pessimistas possíveis e não faltavam palpites sobre quando a coisa ia melhorar.

Já naquela época dava um frio na barriga quando pensava “Se o mundo tá desse jeito, como é que vai ser quando eu precisar me sustentar?“.

Apesar disso, eu tinha alguns colegas entusiastas do mercado financeiro. Eram jovens ambiciosos que sonhavam em trabalhar em grandes bancos e gostavam de falar sobre formas de enriquecer.

Foi com eles que eu ouvi falar, pela primeira vez, de Merrill Lynch e Warren Buffett, e da mágica dos juros compostos.

O tempo passou. Não nos falamos mais. Mas as ideias deles nunca saíram de mim.

Foi graças à influência dessas pessoas, somada à minha sede de independência financeira que, em 2014, quando comecei a trabalhar, eu tinha uma ideia muito clara na minha mente: quero ser investidora.

Mas, como fazer isso?

Sei muito pouco. Mas o pouco que sei talvez já seja o suficiente para ajudar vocês a iniciar a jornada no mundo dos investimentos com menos medo.

Vamos lá?

O que é e por quê investir?

Em termos bem simples, investir é colocar o dinheiro para trabalhar. É uma outra forma de ter renda, além do nosso trabalho. É a tal da ‘renda passiva’. Existem várias formas de investir.

Talvez vocês já tenham ouvido falar em investir em imóvel, que é quando alguém compra uma casa, apartamento ou escritório com a intenção de lucrar com o aluguel dele.

Nesse caso, o aluguel é uma renda passiva.

Além do aluguel por meio da compra um imóvel, pode-se ganhar dinheiro ao emprestar dinheiro ao governo (comprando títulos do Tesouro) ou aos bancos (comprando CDBs), tornando-se sócio de empresas (comprando ações) e, até mesmo, recebendo valores de aluguéis por meio de fundos imobiliários (comprando uma cota de um fundo imobiliário).

Ganhar dinheiro dormindo é possível. Já ouviu falar dos juros compostos?

Uma das maiores vantagens de investir é o efeito dos juros compostos sobre o dinheiro investido ao longo do tempo.

Sem entrar no financês, basta saber que juro é o valor que alguns investimentos pagam para o investidor.

A depender do tipo de investimento, esse valor é automaticamente reinvestido no montante principal para gerar mais dinheiro (daí o nome ‘juros compostos’). Esse efeito, no longo prazo, gera um aumento exponencial nos ganhos.

Dessa forma, quanto maior o patrimônio acumulado e investido, maior será a renda passiva.

Diz-se “liberdade financeira” quando o dinheiro obtido por meio de renda passiva – lembre-se, aquela que ganhamos sem trabalhar – é superior ao dinheiro que precisamos para viver. Essa é a meta.

Notem que a noção de liberdade financeira é muito particular, isto é, varia de pessoa para pessoa.

Para algumas pessoas, ter uma renda passiva mensal de R$ 3.000,00 tá mais do que excelente, enquanto que outras podem sonhar em ter R$ 50.000,00.

Por isso o autoconhecimento é importante. É preciso se perguntar: como eu quero viver? É partir daí que você traça o plano de ‘como chegar lá’.

Não há ninguém melhor para cuidar dos seus interesses do que você

Não conte com bancos

Quando iniciei minha jornada, lembro de ter ligado para a gerente do meu banco da época perguntando sobre como investir no Tesouro Direto, já que eu não conseguia comprar os títulos do tesouro pelo Internet Banking.

Ao invés de me ajudar, ela disse “Ah, a compra dos títulos e o Home Broker ficam inacessíveis porque muitas pessoas perdem dinheiro com esses investimentos. Que tal fazer uma previdência ou um título de capitalização?“. Desliguei o telefone com a certeza de nunca mais ligar de novo.

Os bancos não ensinam a ganhar dinheiro. Na verdade, eles lucram com as nossas dívidas, falta de autocontrole e planejamento.

Os gerentes são vendedores e vão tentar vender os produtos deles (especialmente crédito, consórcio, previdência e títulos de capitalização – e esse último nem é investimento de verdade!).

No pior dos cenários, vão desestimular vocês e colocar medo, dizendo que é difícil investir sozinho, que corretoras não são confiáveis ou que podemos perder muito dinheiro.

Não lhes dêem ouvido e vão aprender por conta.

Fora dos grandes bancos existe um mundo interessantíssimo a ser descoberto.

Tesouro Direto; DBs, LCI/LCA, LC de bancos menores, COE, Fundos… diversas modalidades de investimentos com ganhos (rentabilidades) maiores e taxas menores.

E sobre a possibilidade de perder dinheiro: aprenda o risco de cada modalidade de investimento e como lidar com ele.

A gente só tem medo daquilo que desconhece.

Não conte com a aposentadoria pública (INSS)

Quem está lendo esse texto em 2018 sabe que está o maior bafafá no governo por causa da reforma da previdência. Não se sabe se a idade para a aposentadoria pública irá aumentar, ou se ela será feita de outra forma.

Diante desse cenário nebuloso, investir para atingir a independência financeira e não depender do governo é uma alternativa cada vez mais importante.

Renda fixa, renda variável, o que é isso?

Simplificadamente, renda fixa é um tipo de investimento em que, em tese, é possível saber ou prever quanto irá ganhar antes de realizá-lo. São exemplos: Tesouro Direto, CDB, LCI/LCA, LF.

A renda variável, como o próprio nome já diz, varia, e há pouca ou nenhuma previsibilidade ou controle sobre o dinheiro investido e eventuais ganhos ou perdas. São exemplos: ações, opções, COE, fundos imobiliários.

Às vezes você ganha. Às vezes você perde.

Tenha em mente que todo investimento possui risco.

Inclusive os de renda fixa. O fato do risco ser pequeno não significa que ele não existe.

O governo pode dar calote, bancos podem quebrar, empresas podem falir, inflação pode corroer ganhos. Além disso, vender alguns investimentos em renda fixa antes do prazo de vencimento também pode dar prejuízo.

Perder é um fato. Lide com ele e aprenda a reduzir os riscos de duas formas: 1º) saber o que você tá fazendo (então estude e ponha em prática!); 2º) por meio da diversificação.

Diversificar é não colocar todos os ovos numa cesta só.

Diversificar é uma palavra chique que resume a expressão popular ‘não deposite todos os ovos numa cesta só‘.

Isto é, ao investir, tenha um pouco de cada tipo de investimento, porque se um for um desastre, a perda é menor.

Por isso, repito: conheça o risco da renda fixa, o risco da renda variável, e aprenda a lidar com eles.

Quando e como começar?

Comece agora. Existem investimentos a partir de 30 reais no Tesouro Direto, e alguns bancos menores possuem CDBs a partir de 100 reais.

O fato é: quanto antes iniciarmos a jornada, mais cedo aprenderemos e aproveitaremos o poder dos juros compostos.

Essa é a sensação de ver seu dinheiro trabalhando por você 🙂

Comece pequeno. Vá se habituando ao idioma desse mundo, estudando e colocando em prática com quantias modestas em investimentos mais conservadores (isto é, menos arriscados, como os de renda fixa).

Quando comecei, em 2014, eu tinha muita dificuldade – muita mesmo – de entender o que era cada modalidade de investimento. Para mim, tudo parecia uma sopa de letrinhas.

Hoje em dia ainda sei menos do que gostaria, mas já compreendo bem os textos que leio, invisto em renda variável e me sinto confortável em tomar decisões sozinha.

Acreditem, vocês também vão conseguir 🙂

Para iniciar com tranquilidade, eu vejo duas possibilidades:

I – Abrir conta numa corretora de investimentos e seguir as orientações dos assessores das corretoras.

Corretoras são as empresas que realizam a intermediação da compra e venda dos investimentos.

É por meio delas que temos acesso aos ‘produtos financeiros’ (títulos do Tesouro Direto, CDBs, LCI/LCA, Fundos, Ações, Debêntures, COEs etc).

Alguns exemplos: Easynvest, XP, Rico, Modal Mais.

II – Usar um robô de investimentos

A inteligência artificial chegou à indústria financeira. Atualmente é possível investir com segurança e praticidade por meio de robôs que decidem por nós o que fazer com o dinheiro.

A vantagem dos robôs é o ganho de eficiência. Os custos das transações costumam ser menores, a estratégia de diversificação do robô diminui riscos e possibilita chegar a ganhos mais significativos do que um iniciante conseguiria sozinho.

Além disso, no meu entender, as maiores vantagens das fintechs na área de investimentos são a transparência de informações e o uso de uma linguagem simples e clara.

Quando comecei, a fintech que eu escolhi para me ajudar a investir foi a Vérios. A empresa desenvolveu um robô carinhosamente nomeado de “Ueslei“, e é ele quem faz todos os cálculos e análises de onde investir por nós 🙂

Gosto muito da Vérios porque, na minha visão, ela tem todas as características que eu citei ali em cima, além de ter um blog sobre educação financeira que me ajudou muito.

Um ponto fraco é que, a não ser que a pessoa receba um convite de alguém que já é cliente deles, o investimento inicial é de R$ 12.000,00. Se receber um convite, o investimento inicial passa a ser menor. Porém, depois de ser cliente você consegue investir qualquer valor.

Recomendo a Vérios fortemente para quem é iniciante e para quem não quer perder muito tempo estudando sobre investimentos e finanças.

Já ouvi falar de outras empresas que fazem o mesmo serviço de robô investidor, mas nunca usei.

Fuja das Taxas

O dinheiro usado para investir deve ser enviado para a nossa conta em uma
corretora, só que alguns bancos cobram taxas por essas transferências (TED).

Atualmente existem bancos digitais como o NuBank, Banco Modal e Banco Inter que não cobram por TED e nem anuidade de cartão de crédito.

Vale a pena conhecer eles.

Reserva de Emergência

Falar de investimentos tem tudo a ver com realização de sonhos e independência.

Só que também tem a ver com ter condições financeiras de lidar com imprevistos, como um conserto inesperado, uma doença grave e até desemprego.

Por isso, é recomendável que, de início, a gente tenha uma reserva financeira de emergência equivalente a, no mínimo, seis meses do nosso custo existencial.

Sim, custo existencial: se uma pessoa vive com R$ 1.000,00, deverá guardar R$ 6.000,00. Inclua na conta aluguel ou parcela do imóvel, plano de saúde, escola/faculdade, dinheiro gasto com lazer, e afins.

Esse dinheiro irá trazer um pouco de tranquilidade até que a situação ruim passe.

Importante! Pelo fato de ser uma grana para situações de emergência, ela deve estar guardada em uma aplicação financeira que possa ser retirada a qualquer hora (isto é, aplicação com liquidez) e que o risco de perder dinheiro seja o menor possível (renda fixa).

Pode ser guardada na poupança (jeito mais simples), Tesouro Selic, ou CDBs e fundos de renda fixa com liquidez diária.

Por onde estudar?

Tudo isso que eu falei aqui é só o começo.

Se vocês curtem finanças e querem entender mais o assunto, recomendo fortemente os seguintes nomes:

Gustavo Cerbasi – Ficou muito famoso ao escrever o livro “Casais Inteligentes Enriquecem Juntos”. O Cerbasi é ótimo para aprender sobre renda fixa, renda variável, planejamento financeiro, finanças para casais.

Nathalia Arcuri, Mirna Borges, Patrícia Lages – Muito divertidas, usam linguagem simples e direta para falar sobre educação financeira.

E, quando se sentirem preparados para dar os primeiros passos no mundo da renda variável:

Bea Aguilar, Bruno Perini, Lucas Pit – Os três possuem linguagem clara e direta, falam sobre seus erros e acertos no mundo da renda variável, não são sensacionalistas do tipo “aprenda a ganhar 4 mil reais em um mês“. Aliás, fujam dos sensacionalistas. É Bilada, Cino!

Bastter – Considero ser um dos melhores sobre renda variável. O Bastter faz vídeos longos e, por isso, aprofunda muitos os temas.

Gosto especialmente porque ele fala de forma muito divertida e afiada sobre o comportamento de investidores, e ressalta a importância de cultivar o autodesenvolvimento, a saúde e os nossos relacionamentos.

Além disso, ele possui uma comunidade online voltada ao mundo da renda variável que é excelente (www.bastter.com).

Por fim… Desfrute da sua jornada

O começo vai parecer complicado. São muitas palavras e ideias novas para assimilar.

Além disso, existe o medo de estar fazendo a coisa errada e perder dinheiro.

A verdade é que vamos perder algumas vezes e ganhar em outras. Aceitem isso.

O problema é perder muito. Por isso a importância de saber o que tá fazendo e de diversificar.

Mas, mais importante do que se educar e diversificar, é ser persistente e estar atento às emoções por trás de nossas decisões.

Persistente porque irá demorar alguns anos para aumentar o patrimônio investido a ponto de começar a ter ganhos interessantes.

Estar atento às emoções porque, por ganância ou por medo, corremos alguns riscos.

Corremos o risco de entrar em furadas na procura pelo “investimento perfeito” ou pela “oportunidade única”, indo na onda da maioria ou de quem não está alinhado aos nossos interesses e se beneficia de nossas inseguranças (lembra do gerente do banco?).

Corremos o risco de ficar obsessivos a ponto de contarmos cada trocado, e dedicarmos horas do dia para ler notícias e estudar análises.

Corremos o risco de deixar de sair ou de comprar coisas para acumular, acumular, acumular…

E é óbvio que essas coisas prejudicam nossa saúde mental e nossos relacionamentos.

A intenção não é ser pão duro, mas aproveitar o momento presente e plantar tranquilidade futura.

Aliás, a esse respeito, existe uma frase que considero muito sábia: ou você controla o dinheiro, ou o dinheiro controla você.

Por fim, quando o assunto é finanças, vale lembrar que cada um tem um sonho, um jeito de lidar com as coisas, e aprende de uma forma diferente.

Não existe “investimento ideal” e nem “o melhor momento”. E o jeito do vizinho gastar ou investir o dinheiro dele não é, necessariamente, melhor do que o seu ou adequado a você.

Então… desfrute da sua jornada, ela é só sua, e pode ser muito gratificante lá na frente 🙂

E você?

Já deu seus primeiros passos no mundo dos investimentos? Por quê?

Me conta nos comentários! ♥