
Quando pensei em uma ilustração para a capa do blog, Natália Disperatti Betoni me veio à mente.
Na época, eu sabia apenas que queria um desenho feito com aquarela. A ideia de fazer os cabelos como ondas do mar é dela.
Conheci o trabalho de Natália quando ganhei de presente um desenho feito por ela 🙂
Depois disso, passei a acompanhá-la nas redes sociais.
Natália, assim como eu, estuda direito.
E, apesar do direito ser uma carreira ainda muito formal e emocionalmente exigente, ele não foi capaz de enrijecer a sensibilidade e a liberdade artística dela. Ainda bem!
O que mais gosto em seus desenhos é a forma pela qual ela explora a figura feminina. Os traços são suaves, a pintura é feita com aquarela, colorida e delicada.
Convidei Natália para responder algumas perguntas aqui para o Blog 🙂
Espero que vocês gostem!
1) Como foi que você começou a desenhar e a pintar?
Olha eu não lembro mas minha mãe diz que desde que eu aprendi a segurar o lápis eu vivo desenhando. Eu desenhava na bíblia dela, nas agendas, no livro de receitas, em tudo.
E eu lembro que na minha infância inteira eu desenhava o tempo todo em todas a superfícies possíveis. Inclusive uma das memórias mais antigas que eu tenho é a de eu pintando na parede de casa com o batom vermelho da minha mãe, eu devia ter uns três anos (risos).
2) Quando você faz sua arte, como você se sente?
Eu me sinto principalmente tranquila. É como entrar em um estado meditativo, eu me concentro no que estou fazendo e paro de pensar em coisas banais e apenas assuntos mais íntimos, espirituais passam por minha cabeça.
É mentalmente muito purificador e relaxante. Principalmente agora que estou desenhando mais temas espiritualizados, eu faço várias deduções enquanto desenho, fico pensando sobre as figuras sagradas, os elementos mágicos e a escolha das cores e formas enquanto crio, e assim não só me purifico como também a me enriqueço durante o processo.
3) O que você mais gosta de desenhar e pintar?
Desde sempre o que eu mais gosto de desenhar são figuras femininas. Quando criança eu amava desenhar sereias, fadas, etc. E a vida toda passei desenhando mulheres. Homens só desenhava na escola quando tinha que desenhar, como no dia dos pais.
Mas só fui desenhar homem com vontade mesmo depois dos 10 anos, e a princípio todos tinham rostos afeminados. Acho que tem a ver com o fato que para mim o desenho sempre foi uma auto representação, uma meditação autocentrada.
Atualmente as mulheres ainda são meu tema favorito mas dividem esta posição com as plantas. Peguei gosto por plantas mais recentemente e é tão encantador quanto desenhar mulheres, amo principalmente as flores.
4) Quais são os seus maiores desafios artísticos atualmente?
Minha principal meta no momento é espalhar minha arte pelo mundo para transmitir os bons sentimentos que tenho ao desenhar. Acredito que a arte pode aquecer os corações com sua beleza e trazer diversos sentimentos.
Também quero ensinar pessoas a pintarem, porque é algo maravilhoso, faz bem para a mente, e cada um pode trazer para o papel o que tem de melhor dentro de si.
E claro, quero poder viver da minha arte porque nada me traz mais prazer do que produzi-la.
5) Você escolheu fazer faculdade de direito, mas também trabalha por meio da venda de sua arte. Como é conciliar as duas coisas?
Eu concilio as coisas, em termos práticos, equilibrando algo que considero estressante (direito) com algo que considero relaxante (pintar).
Mas saindo na seara prática e indo para a mental, a princípio eu me encontrava meio desorientada no curso de Direito, mas recentemente percebi que na verdade o direito tem muito a ver com a arte.
A beleza é a harmonia em termos estéticos e o justo é a harmonia em termos sociais. Harmonia e equilíbrio é o que busco em todos os planos da vida, é o que traz bem estar, a paz. O estresse que sinto com o direito vem da forma como está posto, ele não traz justiça, pelo contrário.
O direito é usado de forma FEIA, como uma pintura agonizante, como a Guernica de Picasso. Ele funciona como um peso a mais no prato mais pesado da balança, junto com o poder econômico e político, assegurando o desequilíbrio social, a injustiça.
Assim, sinto que a minha missão com o direito é tentar colocá-lo no prato mais leve, tentar usar essa ferramenta a favor de quem é desfavorecido. Tentar trazer harmonia à sociedade da maneira que eu puder.
Claro, não será tão fácil como trazer harmonia para uma pintura, pois a pintura eu crio do zero da forma mais bonita que eu conseguir, já a sociedade é uma desarmonia que existe há muito tempo, é um quadro feio dificílimo de consertar.
Mas essa feiura é tão agonizante e horrorosa, além de inescapável, que para mim é impossível não fazer nada a respeito.
6) Como você se imagina daqui cinco anos?
Me imagino cursando artes plásticas, me sustentando financeiramente da forma que der, processando uns arrombados que não pagam pensão alimentícia (seja num escritório, na defensoria ou como freelancer).
Também me imagino com um ou dois filhos, é algo que eu quero muito ter.
7) Uma palavra sobre você mesma.
Pensativa.
8) Uma palavra para 2019.
Força.
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E aí, o que vocês acharam dos desenhos? Se identificam com algum?
Contem nos comentários <3