Diversos

Pandemia

Faz tempo que não dou às caras por aqui. Não é por falta de vontade. Aliás, talvez seja o excesso dela: excesso da vontade de fazer as coisas tão perfeitas que, no fim, faço nada. Perfeccionismo paralisante que fala? Mas não é sobre isso que vou escrever hoje.

Hoje, o texto será descompromissado. É mais para deixar o registro do momento do que outra coisa.

Há cerca de três meses o Brasil mudou. O restante do mundo mudou um pouquinho antes. Um tal de “coronavírus”, dizem que Chinês, resolveu circular por aí.

E o bicho é tão animado que viaja para vários países, e pega um monte de gente, rapidinho. Mais veloz do que homem sacana na balada embriagado com combinho.

O fato é que o bichinho, marvado que só, deixa um monte de gente doente. E a gente ainda não entende muito bem como ele funciona, como faz para desligá-lo.

Os remédios conhecidos são água e sabão, álcool gel, máscaras, rezar e deixar passar. Mas, nessa de deixar passar, muita gente parte dessa para melhor. Triste para quem fica, talvez bom para quem se vai (desde que não acredite em inferno…).

Deixar passar… até quando, ninguém sabe. Lá se foram três meses dentro de casa – ah é, tem essa, quase esqueci de dizer: além do tempo, tem também o espaço. Duas dimensões de loucura.

Distanciamento social é a bola da vez, porque muita gente apinhada não pode. O safado quer pegar todos. E o governo quer decidir por nós o que é certo, porque ele tem os motivos dele, e ele manda (manda?). Então… Fecha tudo!

Bares e restaurantes? Fechados. Salões de beleza? Fechados. Academias? Fechadas. Parques? Fechados. Escritórios? Aqueles que não acreditam no vírus continuam abertos e cheio de gente. Esses “podem”. Saúde mental? Surtando!

Cada um tá se virando como pode. Do dia para a noite, trabalho é no home office, aulas são no Zoom, e pipocam milhares de lives no Instagram de sei lá o que.

E também pipocam PHDs em virologia e política nas redes sociais – porque tudo é tão óbvio! Como os outros são tão ignorantes? Afinal, esse lock down chinês é uma criação golpista do vírus. Só não vê quem não quer!

Alguns solteiros solitários voltaram para a casa dos pais. Outros, mais necessitados de contato, saudosos dos amigos e família, burlam a quarentena porque saúde mental também importa. Ouvi casos de velhinhas que negociam o risco de morrer mais cedo para curtirem um final de semana com os netos. Para alguns, solidão é pior que a morte.

O que é saúde mental para cada um? É tudo egoísmo? Questões sem resposta certa. Não dá para julgar. Ou dá? Cada um faz o que pode, com o conhecimento que tem. Tá todo mundo tentando sobreviver. Viver é pedir demais.

Enquanto uns sentem falta de gente, outros querem é mais distância. Vários casais (obrigados a conviver) já não se suportam mais. Boas notícias de bons negócios para os advogados de direito de família.

Afinal, que tipo de relacionamento queremos? Estar sozinho é tão ruim quanto estar o tempo todo junto? Existe equilíbrio?

Por aqui, um dia de cada vez é a lei. Um dia surto. No outro nem lembro do surto. Um dia sinto saudades. No outro já nem lembro como era o antigo normal.

Às vezes ainda surge um otimismo com o que está por vir quando tudo isso passar: mais flexibilidade no trabalho, menos trânsito, mais tempo para viver, novos hábitos, novas ideias.

Será que tudo isso vai passar? Ops, cai na lama do “será?”, de novo. Perdão.

O presente é tudo o que há.

Muda o foco. Agradece. Segue em frente.